Reflexões: o papel da escola na construção de estereótipos de gênero e sexualidade

Em junho é celebrado o Mês do Orgulho LGBTI+ você já deve ter notado pela quantidade de bandeiras coloridas e filtros de orgulho passando na timeline. E é por isso que vim falar um pouco da parte que me cabe e que é de grande interesse para mim: qual o papel do professor e das escolas na construção de estereótipos de gênero e sexualidade?

O corpo é muito mais que elementos unidos em movimento, muitos professores reproduzem a concepção de que o corpo é dado ao nascer, carregando naturalmente características e que possui marcas distintivas. O corpo não é dado, é produzido cultural e discursivamente, carregando marcas da cultura e tornando-se distinto.

É na escola que existe um dos maiores investimentos feitos no corpo e sobre o corpo. É nelas que os corpos são ensinados, disciplinados, medidos, avaliados, examinados, categorizados, coagidos, aprovados ou não e consentidos.

Na insistência de separar meninos e meninas, esquecemos que os corpos são carregados de significados, representados e interpretados culturalmente. Investimos os corpos das crianças desde bem pequenas a se enquadrar numa identidade normal, utilizando técnicas que disciplinam a utilização do tempo, do espaço, do movimento.

É nas escolas que costuma-se trabalhar e reproduzir relações hierárquicas de gênero, sexualidade, classe e etnia.


Longe de vir jogar toda a responsabilidade para cima dos professores e da escola, mas se temos o poder de enquadrar sujeitos dentro de níveis de normalidade, temos o poder de não o fazê-lo também.

O espaço escolar pode ser o lugar onde podemos romper as regras, tornando os sujeitos mais conscientes de si e do mundo que estão inseridos. Como futuros professores, podemos exercitar a prática reflexiva construindo um espaço para o exercício da ética, da solidariedade e do respeito a diversidade. É fundamental fomentar no espaço escolar uma reflexão crítica a respeito da normalidade e da naturalidade, as coisas são normais e naturais sempre baseados em um padrão social que não leva em consideração todos os parâmetros sociais. 

Precisamos nos despir de nossos pré-conceitos, abrir corpo e mente para problematizar os sentimentos, as resistências e os preconceitos que cercam este tema. Pensar numa sociedade diversa é pensar numa educação diversa, que acolhe o diverso e que não use caixas para classificar sujeitos.

Refletir sobre como a sexualidade é abordada na escola, nos possibilita respeitar as especifidades de cada sujeito, sem enquadrá-los em caixas desde pequenos, deixando-os livres para escolher como gostariam de se definir, quem gostariam de se relacionar, como querem brincar e como se vestir. 

📌Deixo aqui algumas referências e textos interessantes a cerca do tema:

[1] LOURO, Guacira Lopes. Corpo, escola e identidade. Educação & Realidade, v. 25, n. 2, 2000.

[2] LOURO, Guacira Lopes. O corpo educado: pedagogia da sexualidade.

[3] MADUREIRA, Ana Flávia do Amaral et al. Gênero, sexualidade e diversidade na escola: a construção de uma cultura democrática. 2007.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Organizando a semana com método Alastair

Como escolhi meu curso?

Organização trimestral + freebie